Assédio Moral nas Forças de Segurança: será preocupante?
DOI:
https://doi.org/10.51126/revsalus.v7isup.1029Palavras-chave:
Assédio Moral; GNR; PSPResumo
Assédio moral é qualquer ato de violência psicológica e/ou física que provoca danos irreparáveis na vítima. Representa atos continuados objetivando humilhar, constranger e diminuir a autoestima [1].O fenómeno é mais prevalente na esfera pública [2]).
Assim, o presente trabalho visou caracterizar e avaliar o fenómeno de assédio moral nas forças de segurança portuguesas (Guarda Nacional Republicana; Polícia de Segurança Pública).
Para tal, foi elaborado um inquérito por questionário composto por: i) 6 questões que visam a caracterização sociodemográfica; ii) uma escala de avaliação adaptada de Leymann Inventory of Psychological Terrorization (60 questões), que visa identificar os comportamentos de assédio moral mais frequentes; iii) 16 questões que visam a caracterização do fenómeno. O questionário (LimeSurvey) foi disponibilizado online, nacionalmente, pela Associação dos Profissionais da Guarda e Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
Foram obtidas 302 respostas. A maioria dos participantes encontra-se entre os 36 e os 45 anos (56,6%), são do sexo masculino (79,5%), casados (66,2%), possuem entre 21 e 30 anos de serviço (61,6%), concluíram o 12º ano (72,5%), e trabalham na região do Douro (sexo feminino, 4,0%) e área metropolitana do Porto (sexo masculino, 16,6%).
Os comportamentos negativos mais frequentes foram: i) "Os seus superiores não o(a) deixam expressar ou dizer o que tem a dizer livremente" (77,8%); ii) "Interrompem-no(a) quando fala"(77,8%); iii) "Criticam o seu trabalho" (74,8%); iv) "Caluniam-no(a) e falam nas suas costas" (58,3%) e v) "As suas decisões são sempre questionadas ou contrariadas" (57,6%).
A maioria já tinha ouvido falar de assédio moral (96%), e apenas 40,4% estão satisfeitos com o ambiente de trabalho. Noventa e três participantes (30,8%) declararam que já foram ou são vítimas. Destes, a maioria (32,3%) foi vítima menos de 1 vez por mês. Quanto ao agressor, 84,9% dos participantes indicou o seu superior hierárquico e 94,6% consideram que este tem consciência do ato. A maioria (74,2%) já falou com alguém sobre o assédio que sofre, sendo a família a eleita (53,8%). Uma minoria (22,6%) já denunciou ser vítima, tendo o superior hierárquico ignorado a situação (36,6%). Quem não denunciou o assédio não indicou os motivos, mas a maioria (54,8%) referiu que perturbou o seu trabalho, tendo os seus colegas sido solidários (59,1%). Os sintomas que mais se manifestaram foram: i) “dificuldade em adormecer” (60,2%); ii) “ansiedade” (58,1%); iii) “acordar várias vezes durante a noite” (44,1%) e iv) “nervosismo ou agitação” (44,1%). De salientar, a ideação homicida e suicida (11,8% e 10,8%, respetivamente). As vítimas de assédio identificaram a opção "Evitava o(s) agressor(es)" como a mais escolhida (34,4%), para fugir aos episódios.
O presente trabalho permitiu obter conhecimentos sobre o panorama de assédio moral nas forças de segurança portuguesas que irão ajudar a identificar, reduzir e prevenir este fenómeno, aumentando a qualidade de vida dos profissionais, refletindo-se no serviço prestado pelos mesmos à sociedade.
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