A cultura no crescimento e vivência psicopatológica do adolescente imigrante
DOI:
https://doi.org/10.51126/revsalus.v4i3.474Palavras-chave:
adolescência, cultura, psiquiatria transcultural, imigrantes, competência culturalResumo
Introdução: Em 1976 Erikson caracterizou a adolescência como uma fase especial do desenvolvimento marcada pela construção da identidade, onde um ambiente familiar contentor e compreensivo é crucial, bem como o contexto sociocultural, pelo que a imigração pode funcionar como desestabilizador. Através de um caso clínico, pretende-se abordar o papel da cultura no desenvolvimento de problemas emocionais, comportamentais e de identidade nos adolescentes imigrantes, assim como refletir sobre o seu impacto na relação terapêutica e a necessidade de uma abordagem intercultural no atendimento desta população. Caso Clínico: Adolescente de 16 anos, pele negra e nacionalidade angolana, que aos 11 anos imigrou para Portugal, ficando deslocada da sua família alargada. Aos 14 anos começou a apresentar comportamentos autolesivos e desenvolveu sintomatologia depressiva, tendo sido encaminhada para a consulta de Pedopsiquiatria após ingestão medicamentosa voluntária aos 16 anos. Ao longo das observações foi percetível o conflito intercultural, o sentimento de não pertença e a incompreensão. Numa das consultas, na presença de uma médica africana, apresentou uma postura descontraída e abordou espontaneamente aspetos socioculturais que acredita estarem na génese dos sintomas atuais. Conclusão: Fatores intrapessoais, interpessoais e culturais influenciam o processo de construção da identidade, sendo que conflitos nestas dimensões podem precipitar problemas comportamentais e emocionais. Atendendo que a aliança terapêutica é importante no tratamento, investir na formação dos profissionais de saúde mental em competências interculturais pode ser benéfico para a abordagem de perturbações mentais na população imigrante.
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