A cultura no crescimento e vivência psicopatológica do adolescente imigrante

Autores

  • Odete Nombora Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho
  • Ana Vera Costa Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho,Department of Child and Adolescent Psychiatry of Vila Nova de Gaia Hospital Centre
  • Ângela Venâncio Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho
  • Sandra Borges Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho
  • Joana Calejo Jorge Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho

DOI:

https://doi.org/10.51126/revsalus.v4i3.474

Palavras-chave:

adolescência, cultura, psiquiatria transcultural, imigrantes, competência cultural

Resumo

Introdução: Em 1976 Erikson caracterizou a adolescência como uma fase especial do desenvolvimento marcada pela construção da identidade, onde um ambiente familiar contentor e compreensivo é crucial, bem como o contexto sociocultural, pelo que a imigração pode funcionar como desestabilizador. Através de um caso clínico, pretende-se abordar o papel da cultura no desenvolvimento de problemas emocionais, comportamentais e de identidade nos adolescentes imigrantes, assim como refletir sobre o seu impacto na relação terapêutica e a necessidade de uma abordagem intercultural no atendimento desta população. Caso Clínico: Adolescente de 16 anos, pele negra e nacionalidade angolana, que aos 11 anos imigrou para Portugal, ficando deslocada da sua família alargada. Aos 14 anos começou a apresentar comportamentos autolesivos e desenvolveu sintomatologia depressiva, tendo sido encaminhada para a consulta de Pedopsiquiatria após ingestão medicamentosa voluntária aos 16 anos. Ao longo das observações foi percetível o conflito intercultural, o sentimento de não pertença e a incompreensão. Numa das consultas, na presença de uma médica africana, apresentou uma postura descontraída e abordou espontaneamente aspetos socioculturais que acredita estarem na génese dos sintomas atuais. Conclusão: Fatores intrapessoais, interpessoais e culturais influenciam o processo de construção da identidade, sendo que conflitos nestas dimensões podem precipitar problemas comportamentais e emocionais. Atendendo que a aliança terapêutica é importante no tratamento, investir na formação dos profissionais de saúde mental em competências interculturais pode ser benéfico para a abordagem de perturbações mentais na população imigrante.

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Publicado

2022-12-22

Como Citar

A cultura no crescimento e vivência psicopatológica do adolescente imigrante. (2022). RevSALUS - Revista Científica Internacional Da Rede Académica Das Ciências Da Saúde Da Lusofonia, 4(3). https://doi.org/10.51126/revsalus.v4i3.474

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