Efeitos do INsyntax em crianças com perturbação do espetro do autismo

Resumo

Introdução: A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento que se carateriza por um conjunto de dificuldades na comunicação e interação social, associada a comportamentos repetitivos e interesses restritos (American Psychiatric Association, 2013). Os estudos nas dificuldades linguísticas associadas à PEA, anteriormente consideradas circunscritas à área da pragmática, têm descrito défices marcados na competência sintática, com dificuldades na compreensão e produção (Martins, 2022). Um dos marcos de desenvolvimento considerado como de difícil alcance em crianças com PEA diz respeito à produção de frases, sendo esta uma das maiores preocupações parentais (Martins, 2022). O programa INsyntax (Lopes, Martins & Lousada, 2022), desenvolvido precisamente para a estimulação linguística de frases, mostrou ser eficaz em falantes tardios. No entanto, desconhecem-se estudos sobre a sua eficácia em crianças com PEA falantes do Português Europeu (PE). Objetivo: Estudar os efeitos do programa de intervenção sintática INsyntax em crianças com Perturbação da Linguagem associada à PEA. Material e Métodos: Foi realizado um estudo piloto pré-pós, com um total de 5 crianças, com idades compreendidas entre os 3 e os 4 anos, diagnosticadas com PEA. Foram realizadas 10 sessões individuais com o INsyntax, com periodicidade semanal. Todas as crianças foram avaliadas nos momentos pré e pós implementação do INsyntax, com recurso aos Inventários de Desenvolvimento Comunicativo de MacArthur-Bates II (PT-IDC II) e a 3 itens do Teste de Linguagem - Avaliação de Linguagem Pré-Escolar. Resultados: Após a implementação do INsyntax, verificou-se um aumento da pontuação total nos PT-IDC II e no TL-ALPE, quando comparados os resultados obtidos nos dois momentos de avaliação. Estes resultados apontam para uma tendência de melhoria com a aplicação do INsyntax, através de um aumento das pontuações obtidas nos dois instrumentos. Conclusão: Os resultados obtidos sugerem uma tendência evolutiva das competências sintáticas e lexicais das crianças com PEA estudadas, na linha do descrito também em crianças sinalizadas como falantes tardios (Lopes, Martins & Lousada, 2022).