Colonização intestinal por bactérias resistentes aos antibióticos – o inimigo silencioso na prestação de cuidados de saúde em unidades de cuidados continuados e residências para a terceira idade
DOI:
https://doi.org/10.51126/revsalus.v5iSupii.717Palavras-chave:
Colonização intestinal, bactérias resistentes aos antibióticosResumo
Introdução: O envelhecimento da população conduziu ao aumento de instituições de cuidados de saúde, como unidades de cuidados continuados integrados (UCCI), estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) ou cuidados domiciliários. Esta situação proporcionou um novo paradigma inerente ao aparecimento e disseminação de bactérias multirresistentes aos antibióticos (MDR) (Gonçalves et al., 2016; Campos-Madueno et al, 2023). Objetivos: O objetivo consistiu em detetar bactérias de Gram-negativo multirresistentes aos antibióticos associadas à colonização intestinal de residentes de UCCI e ERPI, em Portugal. Material e Métodos: Amostras de fezes (n=322) provenientes de residentes de dez instituições foram estudadas em meio de cultura com antibiótico β-lactâmico para seleção de isolados. Foram realizados estudos fenótipos, para deteção de bactérias resistentes aos antibióticos produtoras de ESBLs e de carbapenemases. A caracterização genotípica foi estudada por PCR e a relação clonal entre isolados de Escherichia coli produtora de ESBL foi estabelecida por PFGE. Resultados: Foram detetados 59 residentes colonizados por bactérias resistentes a cefalosporinas de espetro alargado e/ou carbapenemos. Foram estudados: i) 48 isolados de Escherichia coli produtores de ESBL provenientes de diferentes ERPI e UCCI, e identificados sete perfis de PFGE (similaridade ≥80%) contendo bactérias multirresistentes aos antibióticos; ii) 17 isolados de Klebsiella pneumoniae produtores de ESBL e 6 com redução de suscetibilidade aos carbapenemos; iii) 9 isolados de Acinetobacter baumanii resistentes aos carbapenemos em residentes de três ERPI e uma UCCI. Conclusões: Os resultados mostram disseminação de bactérias de Gram-negativo resistentes aos antibióticos como colonizadoras intestinais de residentes de instituições extra-hospitalares, podendo, estas, funcionar como disseminadoras de bactérias MDR para unidades de saúde hospitalares e para comunidade saudável. A colonização intestinal por bactérias multirresistentes aos antibióticos parece funcionar como principal inimigo invisível da prestação de cuidados de saúde em instituições extra-hospitalares, dificultando estratégias de controlo de infeção. Esta situação poderá conduzir à disseminação de bactérias MDR em ERPI e UCCI, aos cuidados agudos e diferenciados e à comunidade saudável, criando ciclos complexos de muito difícil controlo e eliminação. A deteção precoce de colonização intestinal por MDR é uma estratégia de controlo de infeção fundamental na prevenção da disseminação e ocorrência de surtos (Gonçalves et al., 2016).
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